O Tempo Glauber, com a parceria da Cinemateca Brasileira e Petrobrás, está restaurando a filmografia do diretor baiano. Deus e o Diabo na Terra do Sol e Terra em Transe já estão no mercado há alguns anos, em edições de dvd muito bem produzidos, recheados de extras, entrevistas com especialistas e outras iguarias para o paladar do apaixonado por cinema. Agora, é a vez do lançamento da cópia remasterizada de A Idade de Terra (1980), última aventura de Glauber no cinema. O dvd duplo foi apresentado durante a inauguração do Centro de Documentação. Os próximos lançamentos da coleção de dvds, previstos para dezembro desse ano, são O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro, que lhe rendeu a o prêmio de Melhor Diretor no festival de Cannes, em 1969, e Barravento, primeiro longa-metragem de Glauber.
O Centro de Documentação vai permitir que pesquisadores e entusiastas da obra de Glauber (e do cinema brasileiro, como um todo) se debrucem sobre os papéis amarelados e produzam textos que venham a engrossar o corpo de teses e dissertações sobre o cineasta que, de acordo com um levantamento feito em julho de 2003 pelo pesquisador da Cinemateca Brasileira José Inacio de Melo Souza, é o que mais atrai a atenção da comunidade acadêmica brasileira. Ninguém chega perto de Glauber Rocha. É o mais estudado do cinema nacional, e muito provavelmente, o menos visto.
David Neves, Glauber Rocha e Joaquim Pedro de Andrade
foto gentilmente roubada do Tempo Glauber
Rua dos Arcos, 24/3º andar, Lapa, Rio de Janeiro. A Filmes do Serro, produtora fundada em 1965, trabalha intensivamente na restauração digital das obras do diretor Joaquim Pedro de Andrade. Amor de filho não tem preço. Alice, Maria e Antônio já encerraram a recuperação de imagens – com a supervisão de fotógrafos que trabalharam nos filmes do cineasta carioca, como Affonso Beato, Mário Carneiro e Pedro de Moraes – e a remasterização do áudio de grande parte de seus filmes: os curtas-metragem O Mestre de Apipucos (1959), O Poeta do Castelo (1959), Couro de Gato (segmento de Cinco vezes favela, de 1962), Cinema Novo (1967), Brasília, Contradições de Uma Cidade Nova (1968), A Linguagem da Persuasão (comercial de 1970), Vereda Tropical (segmento de Contos Eróticos, de 1977) e O Aleijadinho (1978), e os longas Os Inconfidentes (1972), Guerra Conjugal (1975) e Macunaíma (1969) (já disponível em dvd). Já O Homem do Pau Brasil (1982), O Padre e a Moça (1965) e Garrincha, Alegria do Povo (1962), ainda apresentam obstáculos no delicado processo de eliminação de manchas e outras incompatibilidades.
O hábito saudável de preservar a cultura é marca de nascença da família. Joaquim Pedro era filho de Rodrigo Melo Franco de Andrade, fundador do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, o Iphan. A dedicação dos filhos de Joaquim Pedro (todos, por sinal, cineastas) em reviver o pai é também a dedicação em re-experimentar o cinema nacional tão esquecido pelo próprio cinema e povo brasileiros.
A 45ª edição do New York Film Festival - 2007 vai homenagear o cineasta brasileiro com uma mostra paralela em sua programação. Coisa que o cinema daqui ainda não fez. A retrospectiva "Tropical Analysis: The Films of Joaquim Pedro de Andrade" será realizada de 29 de setembro a 9 de outubro, no Walter Reade Theater. As entradas para as sessões custam 11 dólares.