domingo, 7 de outubro de 2007

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O que anda acontecendo (no meu) mundo:


A última sessão de cinema
Na coluna "This Land" deste domingo, o jornalista Dan Barry narra a trajetória das salas de cinema da cidade de Bexley, Ohio, num texto brilhante e acolhedor. Ler a matéria faz você se sentir num passado distante, prestes a ser massacrado pelo futuro, mas também acaba conhecendo quase intimamente um personagem que faz da nostalgia uma forma de descobrir novos mundos – através dos filmes.

A coluna do Dan Barry (que trabalha no Times desde 1995 escrevendo sobre política, Nova York e outros assuntos, e já ganhou trocentos prêmios – inclusive o Pulitzer) sempre conta histórias de locais obscuros e desconhecidos dos Estados Unidos. Outra coisa interessante é a versão complementar "audio slide show" da matéria. É só imaginar um Power Point de nível jornalístico e altamente envolvente, que tem a voz de Barry na narração.


"O grande Murdoch"
Para entender e tentar antever o que será do jornalismo – ou de uma grande parcela da atividade jornalística mundial - nos próximos anos, é obrigatório ler o comentário de Steve Coll sobre Rupert Murdoch, o magnata que comprou por 5 bilhões de dólares o grupo Dow Jones de comunicação. Leia-se: debaixo de suas asas, agora estão o Wall Street Journal, um dos maiores do mundo, além de outros 100 jornais impressos, a rede de TV Fox, o MySpace e a 20th Century Fox. O império do australiano naturalizado norte-americano – uma espécie de Kane do século XXI, só que decrépito e puro osso – é avaliado em 30 bilhões de euros, o maior conglomerado de comunicações do mundo.

O texto de Steve Coll na The New Yorker mostra bem o perigo da jogada bilionária: mudanças na linha editorial investigativa e aprofundada do Wall Street Journal, padronização, cortes, nivelação da qualidade por baixo, etc. Também não deixa de citar a pisada na casca de banana administrativa que a família Bancroft, que controlava a empresa há 105 anos, acabou admitindo no próprio WSJ: "We are actually now paying the price for our passivity over the past twenty-five years".


Journal-ism
Os diários dos irmãos Goncourt parecem ser o retrato fiel, uma crônica espirituosa da turma parisiense da segunda metade do séc. XIX. Edmond e Jules, mais conhecidos pelo prestigiado prêmio das letras francesas, que leva o sobrenome da dupla (e com o qual já foram agraciados Proust, André Malraux, Simone de Beauvoir e Marguerite Duras) batem um papo animado com Flaubert, lamentam-se com Baudelaire e pensam ao lado de Rodin na Paris dos pintores impressionistas. Tudo é registrado com vivacidade. No trecho disponível no The New York Review of Books, um papo não muito animado com o russo Turguêniev, que já não dava mais no couro e estava, literalmente, cabisbaixo.

E por falar em diários, este artigo demonstra como a dedicação de escrever e manter um diário pode ajudar no aprendizado dos adultos. Alguns estudos mencionados no texto comprovam que escrever um diário é um meio de desafiar a ordem, discordar das autoridades e garantir um meio seguro para defender suas idéias. A partir da observação de casos estudados, um dos estudiosos dessa área chega a conclusão que o "journal writing is closest to natural speech, and writing can flow without self-consciousness or inhibition. It reveals thought processes and mental habits, it aids memory, and it provides a context for healing and growth. Journals are a safe place to practice writing daily without the restrictions of form, audience, and evaluation." O diário é o que chega mais próximo da autoreflexão na literatura. No processo de aprendizado, o escrever-para-si ganha outras dimensões quando é compartilhado.

A todo o momento, a autora Sandra Kerka salienta que não adianta apenas usar o diário como forma de registro, e sim como meio para refletir e dar sentido ao que cada um experimenta: "Writing is a critical ingredient in meaning making, enabling learners to articulate connections between new information and what they already know."

Alguns diários da literatura a serem lidos: __________ (preencha aqui)


Fraude, PhD
O Guardian da Inglaterra noticiou a proeza de um falso jornalista que forjou entrevistas com Kofi Annan, Bill Gates, Michael Bloomberg e Alan Greespan. O detalhe é que ele trabalhava como consultor na rede ABC, escrevia para jornais franceses e dizia ter um PhD na Sorbonne. 2 anos após a primeira suspeita (a ONU alegou que tal entrevista com Kofi Annan não constava dos registros), ele foi desmascarado. Dois anos.


Filme-catástrofe
O fotógrafo japonês Shuuichi Endou criou uma forma original para alertar o mundo sobre o aquecimento global. Apaixonado por Tuvalu, país prestes a sumir do mapa (está a apenas 10cm acima do nível do mar), ele está tirando fotos de todos os 11.000 habitantes do quarto menor país do mundo. O projeto do fotógrafo quarentão é minucioso. Quer catalogar todas as famílias e almas que num futuro próximo terão que fugir do país.

Um comentário:

marina aranha disse...

seu mundo anda bem agitado, rapaz!
o meu tanto está da mesma forma que hoje, segunda, passo aqui para um comentário e não um post. fica pra amanhã. ou depois! mas fica!
beijo, pluto!